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Como medicar meu gato (ou meu cão) endiabrado?



Uma queixa muito comum de tutores de felinos é como dar remédio a um gato. Os gatos são animais naturalmente mais independentes e voluntariosos quando comparados com cães, mas a regra primordial básica é a mesma:


ADESTRAMENTO. – Como assim? Vou dar comprimido a um gato e você está me dizendo que tenho que ensinar meu gato a sentar, fingir de morto e dar a patinha? Nãaao! Nem seu cão precisa disso. Adestramento é muito mais que isso. Adestramento é comportamento ensinado. Portanto, ensine desde pequeno seu pet, seja ele qual for, que ele precisa aceitar ser manipulado. Acredite, por mais que eles fique chateados no início é para o bem deles. Animais que são muito assustados ou ficam agressivos à manipulação muitas vezes não conseguem ter um acompanhamento preventivo (alguns nem as vacinas) e acabam por externalizar sintomas de doenças graves apenas quando não há muito a fazer, especialmente naquela onça que não deixa ninguém tocar.


Ensinar comportamentos como aceitar carinho, manipulação, em especial da cavidade oral, eventuais apertos e até algum nível de dor sem reagir de maneira desproporcional, ao contrário do que alguns pensam, não é inibir o comportamento do seu animal nem torturá-lo por algo que ele não quer. É apenas educá-lo de forma a perceber que o mundo ao redor dele (você, sua família) conspira para ajudá-lo. Conversar com um bom adestrador sempre pode ser uma opção legal. Mas tenha em mente que seu animal precisa ser adestrado por você, orientado pelo adestrador. Senão ele vai saber identificar direitinho com qual pessoa ele deve ter qual comportamento...


Porém se a melhora do adestramento ainda não é suficiente, há alguns truques na manga que podemos usar. O melhor deles é a manipulação dos medicamentos em farmácias especializadas em fórmulas veterinárias, que costumam dispor de formas farmacêuticas diferentes do comprimido ou a cápsula. Pastas orais ou snacks com sabor de carne, frango, peixe, bacon... tudo isso pode ser veículo para a medicação do seu amigo. Tudo que temos que fazer é agradá-lo com um snack e, com sorte, ele vai ficar até feliz de tomar remédio. Com sorte, porque há algumas moléculas ou fórmulas que têm odor ou sabor muito marcantes, por vezes amargos e nada palatáveis. Nesse caso, um pouco mais de trabalho vai ser necessário. Note que as técnicas não são excludentes e que não só podem como devem ser utilizadas em conjunto. Em outras palavras, mesmo que seu gato não fique 100% habituado a tomar remédio ele pode pelo menos se deixar pegar para então se tentar uma técnica além.


Em casos de remédios amargos, uma fórmula infantil (com sabor disfarçado) ou encapsulada (drágeas ou cápsulas gelatinosas) podem facilitar a medicação. Ao serem colocadas atrás da língua, com uma pequena massagem na parte de baixo da boca, de preferência mantida fechada para que ele não consiga colocá-lo para fora. Quanto às técnicas para se fazer isso são várias. Alguns preferem deitar o gato sobre o colo, outros colocá-los sobre uma mesa em posição de esfinge. Os mais “exaltados” até imobilizados, enrolados em uma toalha. Com cães sem dúvida fazer a abertura da boca pressionando a pele próxima às comissuras labiais (a junção entre os lábios superior e inferior) é a mais eficaz delas, já que ao mesmo tempo provoca um desconforto que os fazem abrir a boca, como impede que a fechem e mordam, pois antes dos seus dedos vêm os próprios lábios.



Se seu amigo quer deixar os dentinhos marcados na sua mão nessa hora, valha-se de um aplicador de comprimidos, um artigo hoje já bastante comum em grandes e médios petshops. Ele é nada menos que uma seringa comprida, com ponta de látex, silicone ou outro material macio (verifique se ela esta bem presa para não soltar durante ao procedimento e acabar causando um engasgo maior no seu animal) que vai colocar o remédio bem no fundo da boca sem colocar seus dedinhos em risco. As formulações líquidas ou pastosas também são fáceis de serem aplicadas dessa forma, ou ainda pela lateral da boca (no caso dos líquidos) ou no céu da boca (nas pastas). Inclusive se o seu animal não curte muito tomar medicação mas permite a manipulação, colocar no céu da boca, atrás dos dentes incisivos superiores, é uma ótima idéia.


Mas sempre vai haver o endiabrado... O que fazer? Ainda há opções! Não se desespere! Gatos são animais muito limpos e vivem tomando seu banho de lambidas, até quando tocamos neles. Use isso a seu favor! “Suje” seu gato com a pasta oral que você quer aplicar e quando ele se limpar, missão cumprida!


E se o meu gato não quer se lamber? Em alguns casos, especialmente os mais graves, esses animais deixam de fazer sua higiene, deixam até de comer e de beber. Quando isso acontecer seu veterinário deve considerar a necessidade da internação do paciente para manter não só sua medicação, como também seus níveis de hidratação e nutrição ideais. E se ainda assim optar pelo tratamento domiciliar pode lançar mão de drogas de longa duração, que são geralmente injetadas uma vez e seus efeitos duram dias, semanas ou até meses no organismo.


Independente da técnica escolhida tenha sempre em mente ser o melhor para ele, por mais que ele não perceba isso; seja carinhoso, converse, acalme, use toda a contenção necessária, mas procure dosar a necessidade e principalmente a intensidade ou força, pois elas geram uma resposta em grau equivalente do animal; seja rápido, mantenha tudo preparado para que isso dure o mínimo possível e, por fim, nunca deixe de oferecer algo bom no fim, seja uma comida, para que ele note que vale a pena o sacrifício e de uma próxima vez quem sabe colabore mais.


No fim das contas, o importante é manter a saúde do seu animal. Para isso vão contar as diferentes estratégias e fórmulas farmacêuticas, mas a intimidade do tutor e seu pet será sempre fator determinante para um tratamento de sucesso. E não desistir! Afinal o que queremos é vê-los cada dia melhores.



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